terça-feira, 24 de setembro de 2013

Por que / Por quê / Porque ou Porquê?

Existem várias formas de diferenciar a forma exata de utilizar os porquês, entenda em quais situações utilizar cada um.

O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.

Por que

O por que tem dois empregos diferenciados:

Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:

Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)
Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)

Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.

Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)

Por quê

Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.

Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?
Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.

Porque

É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.

Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)

Porquê

É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.

Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)
Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)


Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras



Emprego e Função dos Pronomes Relativos


O estudo das orações subordinadas adjetivas está profundamente ligado ao emprego dos pronomes relativos. Por isso, vamos aprofundar nosso conhecimento acerca desses pronomes.
1) Pronome Relativo QUE
O pronome relativo "que" é chamado relativo universal, pois seu emprego é extremamente amplo. Esse pronome pode ser usado para substituir pessoa ou coisa, que estejam no singular ou no plural. Sintaticamente, o relativo "que" pode desempenhar várias funções:
a) Sujeito: Eis os artistas que representarão o nosso país.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Eis os artistas.
  • Os artistas (= que) representarão o nosso país.
                     Sujeito
b) Objeto Direto: Trouxe o documento que você pediu.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Trouxe o documento
  • Você pediu o documento (= que)
                                       Objeto Direto
c) Objeto Indireto: Eis o caderno de que preciso.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Eis o caderno.
  • Preciso do caderno (= de que)
                                      Objeto Indireto

d) Complemento Nominal: Estas são as informações de que ele tem necessidade.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Estas são as informações.
  • Ele tem necessidade das informações (= de que)
                                                         Complemento nominal

e) Predicativo do Sujeito: Você é o professor   que muitos querem ser.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Você é o professor.
  • Muitos querem ser o professor (= que)
                                                 Predicativo do Sujeito

f) Agente da Passiva: Este é o animal por que fui atacado.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Este é o animal.
  • Fui atacado pelo animal (= por que)
                                    Agente da Passiva

g) Adjunto Adverbial: O acidente ocorreu no dia em que eles chegaram. (adjunto adverbial de tempo).
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • O acidente ocorreu no dia
  • Eles chegaram no dia. (= em que)
                                          Adjunto Adverbial de Tempo
Observação: 


Pelos exemplos citados, percebe-se que o pronome relativo deve ser precedido de preposição apropriada de acordo com a   função que exerce. Na língua escrita formal, é sempre recomendável esse cuidado.
2)  Pronome Relativo QUEM
O pronome relativo "quem" refere-se a pessoas ou coisas personificadas, no singular ou no plural. É sempre precedido de preposição, podendo exercer diversas funções sintáticas. Observe os exemplos:
a) Objeto Direto Preposicionado: Clarice, a quem admiro muito, influenciou-me profundamente.
b) Objeto Indireto: Este é o jogador a quem me refiro sempre.
c) Complemento Nominal: Este é o jogador a quem sempre faço referência.
d) Agente da Passiva: O médico por quem fomos assistidos é um dos mais renomados especialistas.
e) Adjunto Adverbial: A mulher com quem ele mora é grega.
3) Pronome Relativo CUJO (s), CUJA (s)
"Cujo" e sua flexões equivalem a "de que", "do qual(ou suas flexões "da qual", "dos quais", "das quais"), "de quem". Estabelecem normalmente relação de posse entre o antecedente e o termo que especificam, atuando na maior parte das vezes como adjunto adnominal e em algumas construções como complemento nominal. Veja:

a) Adjunto Adnominal:

Não consigo conviver com pessoas cujas aspirações sejam essencialmente materiais. (Não consigo conviver com pessoas / As aspirações dessas pessoas são essencialmente materiais).
b) Complemento Nominal:

O livro, cuja leitura agradou muito aos alunos, trata dos tristes anos da ditadura. (cuja leitura = a leitura do livro)
Atenção:
Não utilize artigo definido depois do pronome cujo. São erradas construções como:
"A mulher cuja a casa foi invadida..." ou "O garoto, cujo o tio é professor..."
Forma correta:  "cuja casa" ou "cujo tio".
4) Pronome Relativo O QUAL, OS QUAIS, A QUAL, AS QUAIS
"O qual"," a qual"," os quais" "as quais" são usados com referência a pessoa ou coisa. Desempenham as mesmas funções que o pronome "que"; seu uso, entretanto, é bem menos frequente e tem se limitado aos casos em que é necessário para evitar ambiguidade. 
Por Exemplo:

Existem dias e noites, às quais se dedica o repouso e a intimidade.
O uso de às quais permite deixar claro que nos estamos referindo apenas às noites. Se usássemos a que, não poderíamos impor essa restrição. Observe esses dois exemplos:

Conhecemos uma das irmãs de Pedro, a qual trabalha na Alemanha.
Nesse caso, o relativo a qual também evita ambiguidade. Se fosse usado o relativo que, não seria possível determinar quem trabalha na Alemanha.

Não deixo de cuidar da grama, sobre a qual às vezes gosto de um bom cochilo.
A preposição sobre, dissilábica, tende a exigir o relativo sob as formas " o / a qual", "os / as quais"rejeitando a forma "que".

5)  Pronome Relativo ONDE
O pronome relativo "onde" aparece apenas no período composto, para substituir um termo da oração principal numa oração subordinada. Por essa razão, em um período como "Onde você nasceu?", por exemplo, não é possível pensar em pronome relativo: o período é simples, e nesse caso, "onde" é advérbio interrogativo.
Na língua culta, escrita ou falada, "onde" deve ser limitado aos casos em que há indicação de lugar físico, espacial. Quando não houver essa indicação, deve-se preferir o uso de em queno qual (e suas flexões na qual, nos quais, nas quais) e nos casos da ideia de causa / efeito ou de conclusão.
Por Exemplo:

Quero uma cidade tranquila, onde possa passar alguns dias em paz.
Vivemos uma época muito difícil, em que (na qual) a violência gratuita impera.

6) Pronome Relativo QUANTO, COMO, QUANDO
a) Quanto, quantos e quantas: são pronomes relativos que seguem os pronomes indefinidos "tudo", "todos" ou "todas". Atuam principalmente como sujeito e objeto direto. Veja os exemplos:

Tente examinar todos quantos comparecerem ao consultório. (Sujeito)
Comeu tudo quanto queria. (Objeto Direto)

b) Como e quando: exprimem noções de modo e tempo, respectivamente. Atuam, portanto, como adjuntos adverbiais de modo e de tempo. Exemplos:

É estranho o modo como ele me trata.
É a hora quando o sol começa a deitar-se.

http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint39.php

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Pronome Relativo

Pronome relativo é uma classe de pronomes que substituem um termo da oração anterior e estabelecem relação entre duas orações.

Não conhecemos o alunoO aluno saiu.

Não conhecemos o aluno que saiu.

Como se pode perceber, o que, nessa frase está substituindo o termo aluno e está relacionando a segunda oração com a primeira.

Os pronomes relativos são os seguintes:

Variáveis
O qual, a qual
Os quais, as quais
Cujo, cuja
Cujos, cujas
Quanto, quanta
Quantos, quantas

Invariáveis
Que (quando equivale a o qual e flexões)
Quem (quando equivale a o qual e flexões)
Onde (quando equivale a no qual e flexões)

Emprego dos pronomes relativos 

1. Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar.
                                                              preposição exigida     pronome        termo regente
                                                                      pelo verbo           relativo
Havia condições          a                que  nos opúnhamos. (opor-se a)                          
Havia condições  com      que   não concordávamos. (concordar com)
Havia condições  de   que desconfiávamos. (desconfiar de)
Havia condições   -   que nos prejudicavam. (= sujeito)
Havia condições em   que insistíamos. (insistir em)                               

2. O pronome relativo quem se refere a uma pessoa ou a uma coisa personificada.

Não conheço a médica de quem você falou.
Esse é o livro a quem prezo como companheiro.

3. Quando o relativo quem aparecer sem antecedente claro é classificado como pronome relativo indefinido. 

Quem atravessou, foi multado.

4. Quando possuir antecedente, o pronome relativo quem virá precedido de preposição.

João era o filho a quem ele amava.

5. O pronome relativo que é o de mais largo emprego, chamado de relativo universal, pode ser empregado com referência a pessoas ou coisas, no singular ou no plural.

Conheço bem a moça que saiu.
Não gostei do vestido que comprei.
Eis os instrumentos de que necessitamos.

6. O pronome relativo que pode ter por antecedente o demonstrativo o (a, os, as).

Sei o que digo. (o pronome o equivale a aquilo)

7. Quando precedido de preposição monossilábica, emprega-se o pronome relativo que. Com preposições de mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões).

Aquele é o machado com que trabalho.
Aquele é o empresário para o qual trabalho.

8. O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo equivale a do qual, de que, de quem. Deve concordar com a coisa possuída.

Cortaram as árvores cujos troncos estavam podres.

9. O pronome relativo quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando seguem os pronomes indefinidos tudo, todos ou todas.

Recolheu tudo quanto viu.

10. O relativo onde deve ser usado para indicar lugar e tem sentido aproximado de em que, no qual. 

Esta é a terra onde habito.

a) onde é empregado com verbos que não dão ideia de movimento. Pode ser usado sem antecedente.

Nunca mais morei na cidade onde nasci.

b) aonde é empregado com verbos que dão ideia de movimento e equivale a para onde, sendo resultado da combinação da preposição a + onde.

As crianças estavam perdidas, sem saber aonde ir.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

Figuras de Pensamento

Figuras de pensamento:

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
São figuras de pensamento:
Antítese:
Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.
Exemplo: "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa).
Apóstrofe:
Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.
Exemplo: "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro Alves).
Paradoxo:
Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;" (Camões)
Eufemismo:
Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.
Exemplo: "E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe pague". (Chico Buarque).
Gradação:
Ocorre gradação quando há uma seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia.
Exemplo: "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves).
Hipérbole:
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.
Exemplo: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac).
Ironia:
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
Exemplo: "Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: / um amor." (Mário de Andrade).
Prosopopéia:
Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários.
Também a atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho (...) silencioso e levemente melancólico..."
Exemplos: "... os rios vão carregando as queixas do caminho." (Raul Bopp)
Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector)
Perífrase:
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.
Exemplo: "Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do meu Brasil." (André Filho).

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Colocação Pronominal (próclise, mesóclise, ênclise)


É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.

PRÓCLISE

Usamos a próclise nos seguintes casos:
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
- Nada me perturba.
- Ninguém se mexeu.
- De modo algum me afastarei daqui.
- Ela nem se importou com meus problemas.
(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- É necessário que a deixe na escola.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.
(3) Advérbios
- Aqui se tem paz.
- Sempre me  dediquei aos estudos.
- Talvez o veja na escola.
OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.
- Aqui, trabalha-se.
(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
- Alguém me ligou? (indefinido)
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
(5) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!
- Deus te abençoe, meu filho!
(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão.
(8) Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.

MESÓCLISE

Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, …)
- Convidar-me-ão para a festa.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.

ÊNCLISE

Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.
- Tornarei-me……. (errada)
- Tinha entregado-nos……….(errada)
Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
- Entregar-lhe (correta)
- Não posso recebê-lo. (correta)
Outros casos:
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
- Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.
OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise:
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.

AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Havia-lhe contado a verdade.
- Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.

AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.

Infinitivo
- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.

Gerúndio
- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.

Infinitivo
- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Não quero dizer-lhe o que aconteceu.

Gerúndio
- Não lhe ia dizendo a verdade.
- Não ia dizendo-lhe a verdade.

Figuras de construção ou sintaxe

Figuras de construção ou sintaxe integram as chamadas figuras de linguagem, representando um subgrupo destas. Dessa forma, tendo em vista o padrão não convencional que prevalece nas figuras de linguagem (ou seja, a subjetividade, a sensibilidade por parte do emissor, deixando às claras seus aspectos estilísticos), devemos compreender sua denominação. Em outras palavras, por que “figuras de construção ou sintaxe”?
Podemos afirmar que assim se denominam em virtude de apresentarem algum tipo de modificação na estrutura da oração, tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos da enunciação (do discurso) – sendo o principal conferir ênfase a ela.
Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se perfaz de uma sequência, demarcada pelos seguintes elementos:
SUJEITO +      PREDICADO    +                          COMPLEMENTO
(Nós)            CHEGAMOS  ATRASADOS            À REUNIÃO. 
Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado verbal – chegamos atrasados; e um complemento, representado por um adjunto adverbial de lugar – à reunião.  
Quando há uma ruptura dessa sequência lógica, materializada pela inversão de termos, repetição ou até mesmo omissão destes, é justamente aí que as figura em questão se manifestam. Desse modo, elas se encontram muito presentes na linguagem literária, na publicitária e na linguagem cotidiana de forma geral. Vejamos, pois, acerca de cada uma delas, de modo particular:
Elipse
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente identificado pelo contexto. Vejamos um exemplo:
Rondó dos cavalinhos
[...]

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!

                                     Manuel Bandeira
Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo estar, sendo este facilmente identificado pelo contexto.
Zeugma
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão de um termo já expresso no discurso. Constatemos, pois:
Maria gosta de Matemática, eu de Português.
Observamos que houve a omissão do verbo gostar.
Anáfora
Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição intencional de um termo no início de um período, frase ou verso. Observemos um caso representativo:
A Estrela
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
[...]

                            Manuel Bandeira
Notamos a utilização de termos que se repetem sucessivamente em cada verso da criação de Manuel Bandeira.
Polissíndeto
Figura cuja principal característica se define pela repetição enfática do conectivo, geralmente representado pela conjunção coordenada “e”. Observemos um verso extraído de uma criação de Olavo Bilac, intitulada “A um poeta”:
“Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!”
Assíndeto
Diferentemente do que ocorre no polissíndeto, manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto ocorre a omissão deste. Vejamos:
Vim, vi, venci (Júlio César)
Depreendemos que se trata de orações assindéticas, justamente pela omissão do conectivo “e”.
Anacoluto
Trata-se de uma figura que se caracteriza pela interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja, em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na construção do período, deixando algum termo desligado do restante dos elementos. Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
Notamos que o termo em destaque, que era para representar o sujeito da oração, encontra-se desligado dos demais termos, não cumprindo, portanto, nenhuma função sintática.
Inversão
Como bem nos revela o conceito, trata-se da inversão da ordem direta dos termos da oração. Constatemos:
Eufórico chegou o menino.
Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se trata de um predicado verbo-nominal) se encontra no início da oração, quando este deveria estar expresso no final, ou seja: O menino chegou eufórico.
Pleonasmo
Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia antes expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto semântico, no intuito de reforçar a mensagem. Observemos, pois, alguns exemplos:
Vivemos uma vida tranquila.
O termo em destaque reforça uma ideia antes ressaltada, uma vez que viver já diz respeito à vida. Temos uma repetição de ordem semântica.
A ele nada lhe devo.
Percebemos que o pronome oblíquo faz referência à terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se, portanto, de uma repetição de ordem sintática demarcada pelo que chamamos de objeto direto pleonástico.
Observação importante:
O pleonasmo utilizado sem a intenção de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que denominamos de vício de linguagem – ocorrência que deve ser evitada. Como, por exemplo:
subir para cima
descer para baixo
entrar para dentro, entre outras circunstâncias linguísticas.

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-construcao-ou-sintaxe.htm

Crase:

Temos vários tipos de contração ou combinação na Língua Portuguesa. A contração se dá na junção de uma preposição com outra palavra.
Na combinação, as palavras não perdem nenhuma letra quando feita a união. Observe:
• Aonde (preposição a + advérbio onde)
• Ao (preposição a + artigo o)
Na contração, as palavras perdem alguma letra no momento da junção. Veja:
• da ( preposição de + artigo a)
• na (preposição em + artigo a)
Agora, há um caso de contração que gera muitas dúvidas quanto ao uso nas orações: a crase.
Crase é a junção da preposição “a” com o artigo definido “a(s)”, ou ainda da preposição “a” com as iniciais dos pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo ou com o pronome relativo a qual (as quais). Graficamente, a fusão das vogais “a” é representada por um acento grave, assinalado no sentido contrário ao acento agudo: à.
Como saber se devo empregar a crase? Uma dica é substituir a crase por “ao” e o substantivo feminino por um masculino, caso essa preposição seja aceita sem prejuízo de sentido, então com certeza há crase.
Veja alguns exemplos: Fui à farmácia, substituindo o “à” por “ao” ficaria Fui ao supermercado. Logo, o uso da crase está correto.
Outro exemplo: Assisti à peça que está em cartaz, substituindo o “à” por “ao” ficaria Assisti ao jogo de vôlei da seleção brasileira.
É importante lembrar dos casos em que a crase é empregada, obrigatoriamente: nas expressões que indicam horas ou nas locuções à medida que, às vezes, à noite, dentre outras, e ainda na expressão “à moda”.  Veja:
Exemplos: Sairei às duas horas da tarde.
À medida que o tempo passa, fico mais feliz por você estar no Brasil.
Quero uma pizza à moda italiana.
Importante: A crase não ocorre: antes de palavras masculinas; antes de verbos, de pronomes pessoais, de nomes de cidade que não utilizam o artigo feminino, da palavra casa quando tem significado do próprio lar, da palavra terra quando tem sentido de solo e de expressões com palavras repetidas (dia a dia).
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras

Resenha: O Alquimista




Autor: Paulo Coelho
Editora: Sextante
Páginas: 172
Lançamento: 2012


O jovem pastor Santiago tem um sonho que se repete. O sonho fala de um tesouro oculto, guardado perto das Pirâmides do Egito. Decidido a seguir seu sonho, o rapaz se depara com os grandes mistérios que acompanham a raça humana desde a sua criação; o Amor, os sinais de Deus, o sonho que cada um de nós precisa seguir na vida.
A peregrinação de Santiago, narrada pelo escritor Paulo Coelho em O alquimista transformou-se num dos maiores fenômenos literários. Caminhando em uma caravana pelo deserto do Saara, ele entra em contato com pessoas e presságios que lhe indicam o caminho a seguir. Entre eles, um misterioso personagem - um Alquimista.

É quem irá ensiná-lo a penetrar na Alma do Mundo, e a receber todas as pistas necessárias para chegar até o tesouro.

O livro conta a história de um pastor de ovelhas, chamado Santiago.
Ele vivia pastoreando pelos pastos de Andaluzia até que começa a ter um sonho que se repete. No incio, ele o ignora, mas depois de um encontro com um velho rei que lhe conta sobre a Lenda Pessoal (desejo que cada um possui embora não busque a realização dos mesmos), sua vida sofre um reviravolta muito grande, pois ele vende suas ovelhas e vai em busca de seu tesouro nas pirâmides do Egito.

Durante a viagem acontece várias coisas, e ele pensa em desistir muitas vezes, mas as pessoas que ele conhece no meio dessa viagem o encorajam e ele segue em busca de seu tesouro. E é no meio dessa viagem que ele encontra com um personagem decisivo na história: O Alquimista.

No meio de mistérios, paixões e sabedoria, ele descobre muitas coisas novas e se surpreende com o trajeto que fez.

Pra alguns o livo pode ser muito irreal, mas quem é que não gosta de se desligar um pouco da realidade ?!

O livro nos mostra que o mais importante é correr atrás dos nossos sonhos, e que conseguir encontrar o nosso "tesouro" não é o principal objetivo, e sim que devemos aprender e desfrutar o máximo que pudermos com a trajetória e principalmente ouvir o nosso coração.

http://insaciavelmenteapaixonada.blogspot.com.br/2013/04/resenha-o-alquimista.html

Resenha: O Alienista - Machado de Assis


Sinopse: Simão Bacamarte, dedicado estudioso da mente humana, decide construir a "Casa Verde" - um hospício para tratar os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí. A decisão de quem deveria ser internado era inteiramente sua, assim como a definição de loucura, que muda diversas vezes ao longo do texto.

Existem limites entre loucura e a razão? Se existem, quais são eles? E quem está autorizado a apontá-los? Publicado entre 1881 e 1882 no periódico A Estação, o conto O alienista, de Machado de Assis, discute a existência da norma e a delimitação entre loucura e razão. 

Ao relatar a história da criação de um asilo em uma pequena cidade do interior do Brasil, Machado de Assis nos oferece uma análise contundente, bem como extremamente irônica, do que foi a prática psiquiátrica em seu início.

Através da sátira à adesão incondicional à ciência e da crítica à psiquiatria do século XIX, o autor aborda muitas questões ao longo do conto: o processo de disciplinar e transformar em patologias as singularidades; a loucura, que aparece tanto onde é esperada – nos loucos, no asilo –, como onde não a procuramos – no médico, no poder político. Mostra também o poder que a ciência representa e/ou assume para a sociedade, pois as idéias de Simão Bacamarte, embora muitas vezes tenham sido contestadas, foram aceitas posteriormente frente à fundamentação científica de seus argumentos. 

Nesse sentido, a questão principal é o papel assumido pela ciência de atrair para si o direito de decidir ou determinar, a partir do método científico, pautado pela racionalidade, o que excede ou não determinado limite. O Dr. Simão Bacamarte considerava-se conhecedor da técnica de diagnóstico e tratamento das doenças mentais, o que lhe garantia o poder de agir sobre os loucos da cidade, experimentando neles suas teorias. Se o resultado de tais experiências fosse a cura não haveria por que questioná-lo. A ciência afirma seu poder baseada na idéia de que a superioridade do homem está no saber. Como personificação da ciência, Bacamarte se coloca, portanto, ideologicamente como verdade inquestionável.

Por intermédio de Simão Bacamarte, o autor denuncia ainda a função da psiquiatria na construção do ideal de normalidade e de sociedade, bem como a relação entre psiquiatria e ordem pública.

O livro é pequeno, daqueles que a gente termina de ler em poucas horas e tem o estilo inconfundível de Machado de Assis. Já li e reli muitas vezes e usei, inclusive, na minha monografia da faculdade. Obrigatório na estante dos viciados em livros!

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